“A dor da compaixão foi maior que a da paixão”, isto é, o sofrimento que Ele experimentou em sua humanidade não foi tão grande quanto aquele que sofreu movido pela caridade, pelo amor por nós. Jesus sofreu ao ver-nos perdidos e abandonados no pecado. Por isso, em Sua compaixão infinita, “desceu aos infernos” de nossa miséria; como Bom Pastor, desceu conosco ao “vale da sombra da morte” (Sl 22 (23), 4).
Mas lá não era o Seu lugar, então, ressuscitando, Ele aparece às santas mulheres, que o foram buscar onde Ele já não se encontrava: no meio dos mortos. E a primeira coisa que lhe diz é: “Alegrai-vos!” Mas não se trata apenas de uma alegria passional, dependente dos nossos sentimentos.
A alegria pascal vai além. É a alegria de saber que a Vida venceu a morte! A alegria é a primeira reação de quem sabe que é amado, e não há amor maior que o de Deus por ter entregue seu filho Jesus para nossa salvação. Cristo foi humilhado e morto para que renasçamos a uma vida nova e melhor.
Eis a grande Alegria da Páscoa. Cristo entra nos cenáculos de nossa vida e deseja: “A paz esteja convosco!” (Lc 24, 36; Jo 20, 19). Tranquilizando os nossos corações, Ele diz que não precisamos ter medo. O Bom Pastor deu a vida por suas ovelhas, desceu ao vale tenebroso para nos resgatar, e em sua grande compaixão, Ele, que não precisava, sofreu a paixão de suas ovelhas e, agora, Ele mesmo nos carrega em seus braços.
Eis a vitória da Páscoa, a paz que podemos encontrar no coração de Cristo e a alegria que seu amor traz. “Se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele” (Rm 6, 8): se com Ele descemos ao “vale da sombra da morte”, agora temos a alegria da espera de estar com Ele, um dia, na glória do Céu.