Em cumprimento ao juramento feito a um eremita, optou por viver à margem daquele rio de difícil travessia. Prometera ao ermitão, fazer durante toda sua vida, uma obra de caridade em especial: proteger pessoas de estatura mais fragilizada, no cruzamento do aberto rio.
Assim, já estava ali há muitos anos, usando sua força física, coragem e tamanho em prol de outros. Um dia, à noite, enquanto dormia em sua choupana, depois de intenso trabalho diurno, ele ouviu uma voz de criança dizer: “Cristóvão, sai de dentro, e vem carregar-me até a outra margem”. Levantou-se assustado, a se perguntar quem havia lhe chamado; saiu lá fora, porém não viu ninguém. Pensou que tivesse sonhado e retornou para dentro da cabana. Ouviu novamente a mesma voz e, saindo novamente avistou uma criança, próximo à beira do rio. Cristóvão sentiu que aquela travessia seria tranquila, visto se tratar apenas de um menino, deixando brotar um sorriso de satisfação no rosto.
Prontamente pôs o menino aos ombros, pegou o cajado e entrou no rio para atravessá-lo. A água do rio subiu rapidamente, e aumentava cada vez mais, Cristóvão começou a sentir receios, pois aquele rio familiar, agora se comportara de forma não habitual, suas águas estavam mais agitadas e frias. Além disso, à medida que ele avançava, caia em buracos irreconhecíveis, isso o assustava, pois conhecia bem todo aquele território da travessia e nunca percebera aquelas crateras, que agora surgira. Associado a isso, a criança passou a pesar-lhes os ombros, como chumbo, causando-lhes dores e incômodos.
Cristóvão estava angustiado, temia vir a afogar-se, e mais atordoado ficara quando, diante da aflição dele, percebeu a criança, vez em quando, lhe dirigir um olhar fixo e um leve sorriso, transluzindo calmaria, serenidade e equilíbrio. Cristóvão continuava sem entender o que se passava, estando quase a ponto de pedir socorro, quando por fim, conseguiu com muito esforço, alcançar a outra margem do rio.
Tirou a criança dos ombros, colocando-a no chão e disse: “Menino, colocaste-me em grande perigo. Você pesa tanto, como se tivesse eu carregado todo o mundo sobre os ombros. Não poderia carregar peso maior!”. E a criança respondeu: “Cristóvão, não te assustes, mas não carregastes só o mundo inteiro em teus ombros, mas também carregastes O criador do mundo inteiro e tudo que habita nele. Eu sou Jesus Cristo, o Rei, a quem serves neste mundo. Para que saibas que digo a verdade, coloque seu bastão no chão, próximo de sua casa, e amanhã pela manhã verás tudo à sua volta coberto de bonitas flores e saborosos frutos”. Dito isso, a criança desapareceu da vista de Cristóvão que prontamente colocou seu bastão na terra, no dia seguinte havia ali muitas flores e frutos.
A partir desse momento o santo passou a intensificar as obras de caridade, visitando doentes, idosos, os em situação de marginalidade social, e a visitar e confortar os cristãos prestes a sofrer martírio em nome de Jesus Cristo.
São Cristóvão, com sua postura coerente e seu testemunho de fé em Cristo, converteu milhares de pessoas ao cristianismo, e depois de muitos sofrimentos por viver em defesa de Jesus Cristo, Cristóvão parte desse mundo, e entra, para a eternidade e para a religiosidade popular, enquanto o “carregador” do Cristo, santo padroeiro dos viajantes, sendo invocado contra os perigos representados pelas águas, tempestades, pragas e para quem se sente em apuros no volante.
Valente São Cristóvão, vós que carregastes o menino Jesus, nos ajude a atravessar as estradas da vida, a lutar contra as correntezas, desse rio vida de incertezas. Ajude-nos a curar todas as feridas, que trazemos na alma e no coração. São Cristóvão, rogai por nós!